Um grupo de senadores e de professores já articula mudanças no novo
acordo ortográfico após o governo federal adiar para 2016 a entrada em vigor
das novas regras.
O adiamento foi revelado pela Folha ontem. A implementação integral do
acordo, adotado pelos setores públicos e privados no país desde 2008, estava
prevista para o início do próximo mês.
Para pessoas envolvidas no processo, o adiamento acontece para que
discordâncias em relação às mudanças na grafia das palavras em português sejam
resolvidas, tanto no Brasil como no exterior.
"Há descontentamento. Se não tivesse, ninguém pediria um adiamento
de três anos. Se fosse por problemas de aplicação, um ano bastaria",
afirma o senador Cyro Miranda (PSDB-GO).
A senadora Ana Amélia (PP-RS) também defende mudanças. "Não se
quer mutilar o acordo. A gente quer aperfeiçoá-lo para que seja de boa aceitação",
afirma.
No entanto, o Itamaraty e o Ministério da Educação, pastas envolvidas
na implementação da medida, dizem que a revisão do acordo não está em
discussão.
Eles sustentam que o objetivo do adiamento é alinhar o Brasil aos
prazos de Portugal --que tem até 2015 para adotar plenamente as mudanças.
Já o professor Ernani Pimentel, idealizador do movimento que defende a
simplificação da língua portuguesa, afirma que o ministro Aloizio Mercadante
está sensibilizado para a necessidade de alterações nas regras.
Segundo Pimentel, é preciso acabar com a característica de
"decoreba" do acordo. "Agora, é questão de a gente organizar a
discussão."
Procurado, o ministro Mercadante não falou. Mas o atual secretário de
educação básica do MEC e futuro secretário da Educação da Prefeitura de São
Paulo, Cesar Callegari, descartou alterações.
"A posição do governo é no sentido de respeitar acordos, produzir
os resultados que dele devem derivar e se colocar à disposição, quando
necessário, em processos revisores", disse Callegari.
O decreto que adia para 2016 a entrada em vigor do novo acordo
ortográfico no Brasil chegou, ontem, à Casa Civil. A medida depende agora da
assinatura da presidente Dilma Rousseff.
fonte:http://www1.folha.uol.com.br/educacao/1204698-senadores-ja-defendem-mudar-o-acordo-ortografico.shtml